Tipos de EENM
EENM Convencional x Corrente Russa
Em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal, atletas soviéticos foram observados utilizando EENM associada aos exercícios voluntários como técnica de fortalecimento muscular. No ano seguinte, o cientista soviético Yakov Kots afirmou um treinamento de 3 a 4 semanas teria produzido ganhos de força de 30 a 40%, bem como ganhos funcionais em seus atletas (Delitto et al, 2001). Pesquisadores ocidentais reconheceram rapidamente o potencial de tal técnica e logo iniciaram estudos planejados para comprovar os resultados do pesquisador soviético.
Kots afirmou que era necessário que se cumprissem algumas exigências para que a EENM pudesse aumentar a força muscular de forma satisfatória: primeiro, a amplitude usada na EENM deveria ser em intensidades suficiente para recrutar o máximo de fibras musculares; segundo, que o recrutamento de todas as fibras musculares deveria ocorrer em sua máxima freqüência de ativação. Kots afirmou ainda que a “técnica russa” utilizada para EENM produziria um bloqueio relativo das fibras sensoriais aferentes, permitindo uma estimulação suficiente dos axônios motores de modo a recrutar todas as fibras em sua máxima freqüência de ativação, com pouca ou nenhuma sensação de dor (Swearingen, 2001).
Os estudos ocidentais não confirmaram esses achados e os resultados atuais demonstram que a EENM (isolada ou associada ao exercício) com o objetivo de aumentar a força de um músculo saudável não apresenta resultados melhores do que os obtidos através dos exercícios voluntários (Swearingen, 1999). Apesar disso, os achados de Kots sustentaram o ponto de vista de que a EENM poderia vir a fortalecer um músculo inervado. A plasticidade do músculo esquelético, em resposta às alterações no seu nível de atividade, forma as bases da aplicação clínica da EENM para efeitos terapêuticos (Robinson & Snyder-Mackler, 2001).
A avaliação do desconforto parece ser um item essencial dentro da prática clínica, pois muitas vezes é o fator limitante do uso da EENM, sobretudo quando altas forças contráteis são solicitadas, como nos regimes de treinamento de força (Delitto et al, 2001). Assim, a comparação entre o grau de recrutamento muscular e o desconforto produzido pela diferentes formas de corrente – particularmente a russa – tornaram-se um novo alvo de estudos clínicos: usando uma forma de onda mais confortável para um paciente individualmente, pode-se aumentar a intensidade da contração produzida.
Snyder-Mackler et al (1989) testaram a capacidade de geração de torque de três estimuladores comerciais, com diferentes características de corrente. O primeiro era um gerador de “corrente russa” (utilizando uma onda senoidal com freqüência de 2.500 Hz), o segundo um gerador de corrente interferencial e o terceiro um gerador de EENM de baixa freqüência (FES convencional). Nenhum dos três equipamentos foi considerado mais confortável.
Holcomb et al (2000) e Brasileiro et al (2001) compararam a capacidade de produção de torque entre os estimuladores convencionais de baixa freqüência e os geradores de “corrente russa” e não observaram diferenças na efetividade de nenhum deles, quando se objetivou a produção de contrações musculares vigorosas. Quanto ao item desconforto, nenhum dos equipamentos mostrou-se superior, embora tenha sido observada uma preferência individual dos sujeitos por uma ou por outra forma de onda. Ambas as formas de corrente produziram níveis de contração capazes de induzir ao fortalecimento muscular.
Desta forma, podemos assumir hoje que a corrente russa é uma abordagem diferente – e não mais efetiva – de Estimulação Elétrica Neuromuscular, quando comparada aos geradores convencionais.
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